Encargos
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| Imagem: Andrea Casciu. |
O
editor debruça-se sobre o texto, com cem olhos abertos, a vigiar sua novilha cobiçada
e sonolenta: a acaricia, espana a poeira dos vícios, afaga estilos &
inadequações, alimenta-a como pode ─ para
que, em segurança, o texto possa 1) caminhar com os próprios membros, 2)
crescer e 3) ganhar corpo de bicho maduro.
Quem edita, não dorme (se acontece, perde a cabeça). Os olhos que possivelmente se fechavam para tantos outros trabalhos, neste ofício, ganham pares vigilantes, sondam, recortam, retorcem, limam, suam ─ de prazer ou sofrimento.
Ao final do dia, o editor até se permite pestanejar por um par de horas. Contudo, no decorrer de sua existência, pede auxílio às musas para seguir sua peregrinação; a sagrada peregrinação de quem vive sempre alerta.
Quem edita, não dorme (se acontece, perde a cabeça). Os olhos que possivelmente se fechavam para tantos outros trabalhos, neste ofício, ganham pares vigilantes, sondam, recortam, retorcem, limam, suam ─ de prazer ou sofrimento.
Ao final do dia, o editor até se permite pestanejar por um par de horas. Contudo, no decorrer de sua existência, pede auxílio às musas para seguir sua peregrinação; a sagrada peregrinação de quem vive sempre alerta.
[NOTA: escrevi essa prosa poética para uma das disciplinas que curso na pós-graduação em Produção Editorial e meu professor, Marcos Marcionilo, que é uma pessoa cheia de palavras - todas elas, excelentes - falou muito bem dele e me deu dicas muito valiosas; a proposta era comparar o papel de um(a) editor(a) de textos com o personagem da mitologia grega Argos Panoptes, o gigante de cem olhos, sempre vigilante. Decidi sair da zona de conforto, arrisquei e não me arrependi - este foi um dos motivos que me fizeram colocar [finalmente] a engrenagem desse blog para girar.]

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