Cápsula
“Amor, Feliz aniversário! Espero que você tenha completado mais uma volta ao redor do sol, em segurança e com saúde. Se eu estivesse aí, te daria um abraço gigante e apertado, e faríamos uma maratona de algum terror trash dos anos 80, comendo empadas quentinhas de frango. Como isso não é possível, espero que minhas palavras te acalentem de alguma forma. Saiba que você é muito especial para mim. Te amo muito (e isso não é segredo). Com amor, V.” Renato levou o papel rasgado aos lábios e sentiu o cheiro de Verônica nele como fazia todo dia cinco de agosto. Aniversário dele. O cheiro doce dela vagava em suas memórias de quando a Terra ainda existia e era um lugar quente, cheio de cores e sons. Ali, no meio daquela estação espacial fria, longe da casa que não existia mais, apenas a escuridão o fazia companhia — ela e a pequena VER085, a robô que restara como único receptáculo de metal fundido às cinzas de Verônica. A robô, que fizera a sua alegria por tantas décadas, piscando as lu...

